Uber comemora eleições com novo contrato totalmente abusivo

Uber comemora eleições com novo contrato totalmente abusivo

Apesar de ter recebido uma votação expressiva nas eleições que ocorreram dia 2 de outubro, com um total de 54 mil votos, o vereador Marlon Luz não foi eleito deputado federal. Tendo em vista que os motoristas de aplicativo continuarão sem uma representatividade em âmbito federal, a Uber atacou mais uma vez. No dia 4 de outubro, apenas 2 dias após as eleições, a empresa lança um novo modelo de contrato, que possui cláusulas que permitem que a plataforma seja ainda mais abusiva, foi enviado a alguns de seus “parceiros”. 

Muitas das cláusulas reforçam e validam pontos que são constantemente reivindicados pelo vereador e pela classe, que já está cansada de trabalhar constantemente sem receber reconhecimento e lucros expressivos. Sendo assim, é de grande importância que tanto os motoristas quanto os passageiros estejam cientes das jogadas cruéis do aplicativo, que só pensa em seu próprio lucro. Alguns dos novos itens impostos no contrato são: 

Uber fala que é empresa de tecnologia 

Mais uma vez a Uber reforça que fornece seus serviços como uma plataforma de tecnologia, não de transporte. Fazendo isso, ela se esquiva de diversas responsabilidades, buscando somente seus próprios lucros. Vale ressaltar que essa é uma das principais lutas do parlamentar contra a empresa. Ao se declarar empresa de tecnologia, a Uber torna muito mais complicado que o congresso nacional aprove leis que beneficiam os motoristas de aplicativo de maneira justa. 

Cria a “Empresa” e “Motorista da Empresa”

Copiando o Ifood, a Uber decide contratar empresas terceiras, para gerenciar e explorar ainda mais os motoristas de app com novas exigências. Ou seja, os “parceiros” vão deixar de ter ligação direta com a Uber e passarão a ser ligados a outras empresas, que são quase “fantasmas”. Quando aplicado na realidade, esse termo do contrato faz com que os motoristas passem a ser gerenciados pelas empresas operadores logísticos, as OLs, como no Ifood, sendo obrigados a cumprir cargas horárias e realizar corridas em determinadas áreas da cidade. 

O motorista vai passar a ser chamado de cliente 

O motorista da plataforma, que antes era chamado de “parceiro”, agora passará a ser chamado de cliente. Ainda não existem explicações da plataforma sobre os motivos para que a alteração seja realizada, porém, ela pode abrir espaço para que os trabalhadores façam importantes reivindicações, pois ao ser chamado de cliente, o motorista passa a ter alguns direitos presentes no código do consumidor. O próprio vereador Marlon Luz, junto com sua equipe, já está buscando entender como essa nova medida pode beneficiar a classe. 

Corridas não poderão ser canceladas demasiadamente 

Além de obrigar os motoristas a trabalharem exaustivamente para conseguirem um ganho a mais, o aplicativo passa a diminuir ainda mais as opções dos trabalhadores dentro da plataforma. Apesar de serem considerados autônomos – o que em tese deveria permitir que decidissem quais corridas desejam ou não aceitar – com o novo termo, a Uber passa a admitir que os motoristas que cancelarem corridas demasiadamente serão expulsos do aplicativo, perdendo sua fonte de renda. 

Novo preço das corridas

Esse termo está fortemente atrelado ao anterior. A Uber deixa nebulosa a forma de precificar as corridas, com isso tenta ludibriar dizendo que o cálculo é baseado em km e tempo, o que significa que poderão cobrar do motorista e do passageiro o valor  que  bem entenderem, inclusive através de promoções, sempre buscando destinar o maior lucro a empresa.

Motorista  arca com o prejuízo em caso de inadimplência do passageiro 

A plataforma está claramente se ausentando de todas as responsabilidades possíveis, inclusive do pagamento em dinheiro. De acordo com o novo contrato, o passageiro pode deixar o pagamento em nota para a próxima corrida, cabendo exclusivamente ao motorista realizar a cobrança e mesmo que ele não receba a Uber irá cobrar a taxa do motorista da mesma forma, logo o prejuízo sempre será dele .

Uber se isenta de qualquer bug ou problema no aplicativo

Uma plataforma que se denomina como de tecnologia, mas não se responsabiliza pelos bugs e problemas na interface, um tanto curioso não é mesmo? Pois bem, é exatamente isso que a Uber faz. No novo contrato ela mais uma vez se ausenta de uma parte importantíssima da operação, a navegação no aplicativo. Sendo assim, caso problemas aconteçam durante o uso da plataforma – que inusitadamente sempre trazem vantagens a Uber – os motoristas não receberão nenhum tipo de remuneração pelo empecilho, que pode lhes trazer um sério déficit monetário. 

Marlon Luz seguirá lutando incansavelmente pelos motoristas de aplicativo

“Trata-se de um contrato bastante abusivo. Através do meu poder como vereador da cidade de São Paulo, já estou formulando uma nova regulamentação para a cidade, como uma maneira de minimizar os absurdos presentes no contrato. Não podemos aceitar que as plataformas continuem agindo de maneira tão injusta, retirando toda sua responsabilidade”, afirmou Marlon Luz.

Leia também
“Reajuste não é suficiente aos motoristas de app”, defende Marlon Luz

Essa foi a declaração dada pelo vereador Marlon Luz, ao ser entrevistado pelo site 6 minutos da UOL. A matéria Read more

Rio Claro sanciona Lei que dá direito de defesa dos motoristas de app em casos de banimento

Mais uma cidade do estado de São Paulo aderiu ao Projeto de Lei que dá direito de defesa aos motoristas Read more

Existem mais de 546 mil motoristas de aplicativos em SP, revela Marlon Luz, vice-presidente da CPI dos APPs

A cidade de São Paulo tem mais de 546 mil motoristas cadastrados por aplicativos, que fazem 25 milhões de viagens Read more

Comissão de Estudos sobre Smart City é aprovada

Na Sessão Plenária desta quinta-feira (21), a Câmara Municipal de São Paulo aprovou a criação de uma nova Comissão Especial Read more

Maria Clara Silveira

Deixe uma resposta